Aviso aos navegantes

Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

22 de novembro de 2014

Sobre a questão energética vibracional


Medo é lapso de presença


Sobre as saídas do estado de presença



1. Mudança no padrão de sono: Perturbações durante o sono, pés quentes, acordar duas ou três vezes durante a noite. Sentir-se cansado e com sono depois de acordar. Adormecer e acordar durante o dia. O Padrão de 3 Sonos, que acontece freqüentemente a muitas pessoas caracteriza-se por: dormir cerca de 2-3 horas, acordar, voltar a adormecer mais 2-3 horas, acordar de novo, voltar a adormecer mais 2-3 horas. Outras pessoas viram alterar-se as suas necessidades de sono, passando a dormir menos. Ultimamente, algumas pessoas sentem enormes ondas energéticas percorrendo o seu corpo a partir do coronário (centro energético no alto da cabeça). Estas ondas podem afetar o sono.

Visite: pensarcompulsivo.blogspot.com.br

Demolindo as velhas estruturas da mente adquirida


31 de outubro de 2014

Os quatro lados da pirâmide do Paradigma Holotrópico

Decifra-me ou te devoro!

 Fase do desenvolvimento da pensamentose



 Fase do choque psíquico

 Fase do restabelecimento

Manifestação da verdadeira liberdade do espírito humano

Uma luz no buraco negro da euforia dos padrões obsessivos compulsivos

Agregarmo-nos a uma comunidade espiritual ou terapêutica não significa necessariamente que teremos de dedicar nossa vida a isso. Porém, se você encontra um mestre espiritual ou um terapeuta eficiente e descobre que ele está comprometido com determinado grupo, considere a hipótese de passar algum tempo com esse grupo.(...) É essencial que o grupo esteja informado sobre as experiências que você está tendo e que queira apoiá-lo e trabalhar com você, se necessário. Nesse ambiente há, mais provavelmente, aqueles que tiveram as mesmas experiências que você está tendo e podem ajudar a dar-lhe uma orientação. Esses também são lugares para se aprender os meios... que ajudarão a facilitar e a completar suas experiências.

(...) Um grupo de pessoas que passou por emergências espirituais poderia oferecer uma ajuda tremendamente significativa a alguém que estivesse no meio de um período crítico... Esses grupos são formados por pessoas leigas em diferentes fases da jornada interior e que compartilham de experiências e interpretações comuns. Para uma pessoa em crise, esses grupos fazem uma reunião para discutir problemas e sentimentos e promovem a empatia e a compreensão. Também podem ajudar você a desenvolver um senso de como e com quem falar sobre suas experiências. Há uma boa chance de que se sinta imensamente aliviado por estar na companhia de outras pessoas que o entendam a fundo e o ouçam sem censuras. Com elas, você poderá alcançar o sentido de comunidade e perder algumas das sensações de solidão e isolamento que poderiam levá-lo a acreditar que você seria a única pessoa que poderia ter esse tipo de experiências.

(...) Em geral, as pessoas saem da crise de transformação com a sensação de que o próximo passo é ajudar os que podem estar desnorteados, oprimidos, com medo, excitados e confusos, exatamente como eram antes. Se passaram pelos altos e baixos do seu próprio processo de emergência, adquiriram o ÚNICO TREINAMENTO EXPERIENCIAL que pode ser EXTREMAMENTE VÁLIDO na assistência a outra pessoas. Isso não significa expor suas revelações, introspecções ou ideologias de um modo messiânico, mas simplesmente ouvir e falar sobre a sua própria jornada sem exigir que outras pessoas reajam de maneira específica.

Uma experiência anterior também lhes possibilita apoiar facilmente o PROCESSO de uma ou outra pessoa em todo o seu drama e complexidade, já que conhecem esses territórios de " trás pra frente". Por terem estado lá, não fazem julgamentos nem se sentem superiores. Tendo vivenciado sua própria cura, têm confiança no POTENCIAL POSITIVO da situação. Esse conhecimento é muito diferente daquele obtido através das leituras a respeito dessas experiências; trata-se de uma sabedoria adquirida pela vivência. Assim como os viciados em drogas e alcoólatras recuperados que continuam a participar do seu próprio crescimento são alguns dos auxiliares mais eficientes no tratamento de outras pessoas com esses problemas, os que passaram por emergências espirituais e têm se integrado às experiências com sucesso são muito eficientes quando trabalham com os que estão na mesma jornada.

Stanislav Grof em, A tempestuosa busca do ser

23 de outubro de 2014

Sobre a resistência familiar ao processo de autoconhecimento


Observando o apego parental


O escravo moderno justifica sua escravidão


O ajustamento impede a visão da vida com coração


Sobre o impulso inicial de abandonar o paradigma


O coração é uma terra que ninguém anda


Sobre o constante medo de recaída emocional


A mente adquirida é fonte de constante desnível emocional


A mente adquirida nos transforma em mendigos emocionais


A verdadeira vocação é a busca do real


Caindo na real da irrealidade da Matrix


14 de outubro de 2014

A mente não suporta estar sem ocupação


Quem dera que o mais simples fosse o mais importante

Vivemos por um passado carimbado


Uma janela aberta para o interior de si mesmo


A sociedade não aceita você se recolher da euforia social


Saindo da caverna do condicionamento social

O coração é a coisa mais perigosa do mundo. Toda cultura, toda civilização e toda pretensa religião separam a criança do seu coração. Ele é uma coisa muito perigosa. Tudo que é perigoso vem do coração. A mente é mais segura, e com a mente você sabe onde está. Com o coração, ninguém sabe onde está. Com a mente, tudo é calculado, mapeado, medido. E você pode sentir a multidão sempre com você, à sua frente e atrás de você. Muitos estão se movendo nela; é uma auto-estrada — concreta, sólida e que lhe dá uma sensação de segurança. Com o coração você está só, ninguém está com você. O medo o pega, o possui, toma conta de você. Para onde você está indo? Agora você não sabe mais, porque quando você se move numa estrada com a multidão, você sabe onde vai porque pensa que a multidão. — OSHO

É verdade o que temos por verdade?

A verdade emprestada mata a beleza da inocência


Observando os impulsos emocionais


Sem autoconhecimento a vida é sofrimento inconsciente

4 de setembro de 2014

O que se tem por amor é um acordo feito de mentiras

Amamos com nossas mentes e não com nossos corações

O "eu" nunca pode saber o que é o amor

Percebendo o observador ácido em ação

Percebendo os padrões de conceitos da mente adquirida

Pode haver amor onde existe expectativa?

Algumas traves de tropeço no autoconhecimento

A concentração é um processo de estreitamento do pensar

Sobre a busca de consolo nas coisas espirituais

É amor isso que chamamos de amor?

Seja simplesmente uma testemunha

Quando eu digo que meditação não é nada além de ausência de pensamentos, você pode me entender erroneamente. Você não tem de fazer nada para ficar sem pensamentos, porque o que quer que você faça será novamente um pensamento.Você tem que aprender a ver a procissão de pensamentos, ficando do lado da estrada, como se não fosse do seu interesse o que está passando por ali. Simplesmente o tráfego ordinário - se você puder tomar seus pensamentos de um modo que eles não sejam de muito interesse, então, facilmente, lentamente, a caravana de pensamentos que tem existido continuamente por milhares de anos desaparece.

Você tem que compreender uma coisa simples: que dar atenção é dar nutrição. Se você não der nenhuma atenção e permanecer indiferente, os pensamentos começam a morrer por conta própria. Eles não têm nenhum outro modo para conseguir energia, nenhuma outra fonte de vida. Você é a energia que eles têm. E como você continua lhes dando atenção, seriamente, você pensa que é muito difícil se livrar dos pensamentos. É a coisa mais fácil do mundo, mas tem de ser feito da maneira certa.

A maneira certa é ficar do lado. O tráfego vai passando - deixe-o passar. Não faça nenhum julgamento de bom e mau; não aprecie, não condene. Está tudo certo.

Sem forçar... e isso é algo que tem de ser lembrado, porque nossa tendência natural é forçar - se é para ficarmos sem pensamentos, por que não forçar os pensamentos? Por que não joga-los fora? Mas através do simples ato de forçá-los, você está lhes dando energia, está lhes dando nutrição, está lhes dando atenção e os está tornando importantes - tão importantes que sem jogá-los para fora, você não pode meditar.

Tente jogar fora um pensamento, e você verá como fica difícil. Quanto mais você o empurra para fora, mais ele volta com força! Ele adorará o jogo e você será derrotado no final. Você tomou a rota errada.

(...)

Você não pode reprimir nenhum pensamento. O próprio processo repressivo dá energia, vida, força a ele. E o enfraquece, porque você se torna o parceiro derrotado no jogo. A coisa mais fácil é não forçar, mas ser simplesmente uma testemunha.

(...)

Nunca force nenhum pensamento a ir embora, senão ele voltará com uma energia muito maior. E a energia é sua! Você está numa trilha de auto-fracasso. Quanto mais você o empurra para fora, com mais força ele volta.

(…)

Apenas permaneça em silêncio observando todos os tipos de coisas e deixe-as passar. Logo você encontrará a estrada vazia. E quando você encontrar a estrada vazia, você encontrou a mente vazia - naturalmente.

(...)

Quando você está no estado de não-mente, que equivale a ausência de pensamentos ... quando não há nenhuma nuvem de pensamento passando em sua mente, você atinge à claridade do estado de não-mente.

A mente é simplesmente uma combinação de todos os pensamentos, de todas as nuvens. A mente não tem nenhuma natureza independente própria. Quando todos os pensamentos forem embora e o céu estiver limpo e claro, você verá que tudo aquilo para o qual você deu tanta atenção não é nada mais do que vazio. Seus pensamentos eram todos vazios. Eles não continham nada, eles eram vazios.

Tudo o que você pensava que eles tinham era sua própria energia. Você retirou sua energia - o casco vazio do pensamento desaparece. Você retirou a identidade que você tinha com ele e, imediatamente, o pensamento não está mais vivo. Era a sua identificação que estava dando força de vida a ele.

E estranhamente você pensava que seus pensamentos eram muito fortes e era muito difícil livrar-se deles! Você os estava lhes dando força, estava cultivando-os.

(...)

Você pode simplesmente sentar-se ou se deitar e deixar os pensamentos passarem. Eles não deixarão nenhum rastro. Simplesmente não fique interessado... nem fique desinteressado tampouco. Simplesmente fique neutro. E ficar neutro é trazer de volta a própria força de vida que você tem dado a seus pensamentos.

OSHO, The Buddha: The Emptiness of the Heart, # 1

29 de agosto de 2014

Sobre a espera em Deus

Me parece um tanto preguiçosa essa crença num Deus que nos fará homens e mulheres melhores; se existe um Deus, já nos fez a sua imagem e perfeição e, toda forma de adulteração — se Ele é mesmo um Deus —, não partiu de sua ação. Cabe ao adulto adulterado, perceber a adulteração causada em si mesmo, bem como a adulteração que criou em seu ambiente e fazer as devidas reparações. O mundo já está bem complicado, de tanto os homens esperarem pela ação reparadora do Deus de sua escolha; inclusive, essa escolha e defesa de um modelo específico de Deus é que tem criado enorme (se não for a maior) adulteração humana. Deus não pode ser responsabilizado pelo mau uso da capacidade mental e das qualidades do coração com as quais capacitou ao homem.

Outsider

27 de agosto de 2014

Vendo Kit Guru

Vendo Kit Guru:

- 3 Calças de algodão crú
- 3 batas indianas
- 3 camisetas com estampas indianas
- 1 porta retrato triplo para colocar as fotos dos principais gurus que certificam sua linhagem.
- 1 quadro de 1,5m x 1,5m com a opção de fotos de Ramana Mararishi, Osho ou papaji, para colocar ao fundo dos satsangs
- 1 Estatueta de Buda
- 1 Símbolo On esculpido em madeira
- 1 Estatueta de Shiva enferrujada
- 5 DVD com coletâneas de musicas Zen
- 1 apostila com o curso "Como influenciar pessoas que não pensam", onde você terá acesso aos 100 melhores clichês utilizados pelos mais renomados gurus da atualidade.
- 1 Apostila com fotos das melhores posições e gestos a serem feitos com as mãos, para que seus vídeos no Youtube fiquem mais impactantes.
- 1 lista de e-mails atualizada com mais de 3000 contatos de pessoas confusas
- 1 Certificado emitido pelo Indian Embrumeishan Center

PS - 1 mandala canalizada para os 5 primeiros contatos + 50% de desconto para o módulo de pós graduação onde você aprenderá como, após sua morte, continuar enviando mensagens canalizadas.

* Temos turbantes de várias cores, formatos e tamanhos.

Interesseiros assumidos entrar em contato com nosso SACSANG - Sistema de atendimento ao novo Guru

Outsider

1 de agosto de 2014

Seja um observador passivo

Esvazie sua mente e não pense em nada.

Como você fará para esvaziar a mente? Quando os pensamentos vierem, observe. A observação tem de ser feita com uma precaução: deve ser passiva, e não ativa. Há mecanismos sutis que você deve compreender, senão poderá falhar em algum ponto. E, se você falhar numa pequena coisa, tudo mudará de qualidade. Observe: observe passivamente, não ativamente. 

(...) Se você estiver demasiado inquieto e demasiado ativo, você não chegará... ao meu silêncio. Seja passivo como quando você se senta à margem de um rio, enquanto ele flui; simplesmente observe. Não há aflição, não há urgência, não há emergência. Ninguém está lhe forçando. Mesmo que você deixe passar, nada estará perdido. Você, simplesmente, observa, apenas olha. Mesmo a palavra observa não é boa, porque traz, em si, um elemento de atividade. Você, simplesmente, olha e nada tem a fazer. Sente-se, simplesmente, à margem do rio, olhe enquanto o rio flui. Ou olhe para o céu enquanto as nuvens flutuam; olhe passivamente. 

É muito, mas muito essencial que essa passividade seja compreendida, porque a sua obsessão pela atividade pode tornar-se inquietação, pode fazer-se uma espera ativa e, então, pode colocar tudo a perder. A atividade pode tornar a entrar pela porta dos fundos. Seja um observador passivo. 

Esvazie sua mente e não pense em nada.

A passividade esvaziará automaticamente sua mente. Ondulações de atividade, ondulações de energia mental se aquietarão, aos poucos, e toda a superfície da sua consciência ficará sem ondas, sem qualquer ondulação. Tornar-se-á um espelho silencioso. 

Como um bambu oco, repousa bem seu corpo. 

(...) Um bambu é completamente oco por dentro. Quando você repousa, procure sentir-se como um bambu: completamente oco e vazio por dentro. E é realmente assim: seu corpo é tal e qual um bambu, oco por dentro. Sua pele, seus ossos, seu sangue, fazem parte do bambu mas dentro há espaço, esvaziamento. 

Quando você está sentado, a boca inteiramente silenciosa, inativa, a língua tocando o palato e silente, sem fremir com pensamentos, a mente observando passivamente, sem esperar por coisa alguma em particular, sente-se como um bambu oco — e, subitamente, infinita energia começa a derramar-se dentro de você; você fica repleto do Desconhecido, do misterioso, do Divino. 

Um bambu oco torna-se uma flauta e o Divino começa a tocar com ela.

Desde que você esteja vazio não haverá barreiras para o Divino entrar em você.

Tente isso: é uma das mais belas meditações — a meditação de se tornar um bambu oco. Você não precisa fazer nada. Você simplesmente se transforma — e tudo o mais acontece. Subitamente, você sente que algo desce para o seu espaço vazio. Você é como um útero e nova vida está entrando em você; uma semente está caindo. E chega o momento em que o bambu desaparece completamente. 

O S H O — Tantra: a Suprema Compreensão

O apoio dos filmes no difícil início da observação de si mesmo


30 de julho de 2014

O que entendemos por iluminação?

Há uma qualidade totalmente diferente de ser, que vem com o não-pensamento: nem bom, nem mau, simplesmente um estado de não-pensamento. Você simplesmente observa, você simplesmente permanece consciente, mas não pensa. E, se algum pensamento surgir... SURGIRÁ, porque os pensamentos NÃO SÃO SEUS, estão flutuando no ar. Em derredor, há uma esfera-de-percepção, uma esfera-de-pensamento. Como existe o ar, existe o pensamento em torno de você, e ele vai penetrando por sua própria vontade. Só deixará de fazer isso, assim que você se tornar mais receptivo. Se você se tornar mais e mais receptivo, o pensamento simplesmente desaparece, desfaz-se, porque a percepção é uma energia maior que o pensamento. 

A percepção é como fogo para o pensamento. É algo como quando uma lâmpada é acesa, em sua casa, e a escuridão não pode entrar. Você apaga a luz e, num momento, a escuridão penetra — vem de toda parte, sem a menor demora. Se há uma luz acesa na casa, a escuridão não pode entrar. Os pensamentos são como a escuridão: só entram, se não houver luz lá dentro. A percepção é o fogo: você se torna mais receptivo e os pensamentos entrarão cada vez menos. 

Se você se tornar REALMENTE INTEGRADO com a sua percepção, os pensamentos não penetrarão absolutamente em você: você se tornará uma fortaleza inexpugnável, nada é capaz de penetrá-la. NÃO porque você a tenha fechado, lembre-se, você está inteiramente aberto. Apenas a própria energia da percepção é que tornou-se sua fortaleza. E, se os pensamentos não podem entrar, virão e passarão ao seu lado. Você verá que eles surgem, mas, simplesmente, no momento em que se aproximarem de você, se desviarão. Então você pode ir a qualquer lugar, então você pode ir para o próprio inferno — nada poderá lhe afetar. Isso é o que entendemos por iluminação. 

O S H O — Tantra: a Suprema Compreensão

Qual é a questão central da nossa vida



25 de julho de 2014

Filme: O Teorema Zero


Quem conhece a carreira do diretor Terry Gilliam sabe que o diretor tem uma queda por tramas complexas e cheias de simbolismos. Seu filme "Brazil" é o ápice deste interesse pessoal, ao retratar um Estado totalitário e burocrata, mas é possível também notá-lo em filmes como Os 12 Macacos e Medo e Delírio. O Teorema Zero, seu novo trabalho, talvez seja o filme mais parecido com Brazil, seja pela apresentação de uma realidade distorcida ou pela profundidade do tema abordado. Desta vez, Gilliam quer encontrar nada mais nada menos do que o sentido da vida.

Qohen Leth (Christoph Waltz) , um habilidoso hacker de computador vive em uma constante crise existencial. Ele é instruído por uma empresa fantasma chamada “Management”, para resolver o enigma do “Teorema Zero”, uma fórmula matemática que determinará a razão da existência dos homens e se a vida possui algum sentido. Obcecado por essa missão, ele encontra obstáculos que interrompem seu trabalho. Qohen espera por um telefonema que contém todas as respostas que ele procura.

Esta semana, a comunidade de Amigos do AdoroCinema avaliou a ficção científica O Teorema Zero, dirigida por Terry Gilliam (Os 12 Macacos, Brazil, o Filme). Os blogueiros aprovaram a atuação de Christoph Waltz no papel de um gênio da matemática, tentando desvendar um importante teorema sobre o sentido da vida, e afirmaram que a história faz uma crítica mordaz à religião e à sociedade contemporânea.


18 de julho de 2014

O valor está no que você aprende, e não no que memoriza.

O comportamento humano, com todas as suas contradições, com suas fragmentações, é o resultado do pensamento. E se pretendemos uma mudança radical no comportamento humano — não na superfície, nos limites externos da nossa existência, mas no verdadeiro âmago do nosso ser — precisamo então examinar a questão do pensamento. VOCÊ precisa ver isso, não eu. Você precisa ver a verdade disto: o pensamento precisa ser compreendido; é preciso saber tudo a respeito dele. Isso precisa ser de enorme importância para você, e não apenas porque o orador o afirma. O orador não tem valor nenhum. O valor está no que você aprende, e não no que memoriza. Limitando-se a repetir o que o orador diz, seja aceitando ou negando, você não está penetrando a fundo no problema. Porém, se você quer mesmo resolver o problema humano de como viver em paz, com amor, sem medo, sem violência, precisa compreender isto profundamente.

mas como se pode aprender o que é libertação? Não a libertação da opressão, a libertação do medo, a libertação de todas as pequeninas coisas que nos preocupam, mas a libertação da verdadeira causa do medo, da verdadeira causa do antagonismo, da verdadeira raiz do nosso ser, na qual existe uma aterradora contradição, uma assustadora busca do prazer, e todos os deuses que criamos, com todas as igrejas e sacerdotes — você conhece toda a história. Assim, acredito, é preciso que cada um pergunte a si mesmo se quer se libertar na superfície ou no verdadeiro âmago do seu ser. E se você quer aprender o que é libertação na verdadeira fonte de toda a existência, você então precisa estudar o pensamento. Se a questão ficou esclarecida — não em termos de explicação verbal, não a ideia que você forma a partir da explicação — mas se você sente a verdadeira necessidade, então poderemos caminhar juntos. Porque, se pudermos compreender isso, teremos respondido a todas as nossas perguntas.

É preciso, portanto, descobrir o que vem a ser aprender. Em primeiro lugar, quero aprender se é possível me libertar do pensamento — e não como utilizar o pensamento. Essa é a próxima pergunta. Mas poderá a mente chegar a ser livre do pensamento? E o que significa essa liberdade? Só conhecemos a ,liberdade de alguma coisa — estar livre do medo, disto ou daquilo, da ansiedade, de uma dúzia de coisas. E existirá uma liberdade que não seja de alguma coisa, mas a liberdade de PER SE, em si mesma? Mas, ao fazer esta pergunta, não dependerá a resposta do pensamento? Ou será a liberdade a não-existência do pensamento? E aprender significa percepção instantânea e, portanto, não requer tempo. Não sei se vocês percebem isso. Por favor, isso é de uma importância fascinante!

Krishnamurti 1 Brockwood Park, 9 de setembro de 1972

16 de julho de 2014

Uma amostra de um modo de vida diferente

A mente adquirida tem um vasto repertório de ilusões

A mente está sempre a contar histórias

Um paradigma feito estrada sem retorno

Observe os pensamentos como se fossem nuvens II

Sobre a importância de ficar com o que é

Sobre as influências da mente adquirida

Video A atenção conduz à aprendizagem


Parte 2

Medo na Consciência


Parte 2

13 de julho de 2014

Pense


11 de maio de 2014

Para que você acorda todos os dias?


Na retomada do Sopro reinstala-se a Consciência que somos



"Ficai solitário, pois. Porque tendes medo de ficar só? Porque vos defrontais com vós mesmo, tal como sois, e descobris que sois vazio, embotado, estúpido, repulsivo, pecador, ansioso — uma entidade insignificante, sem originalidade. Enfrentai o fato; olhai-o e não fujais dele."

Jiddu Krishnamurti

O Que Há de Errado Com a Nossa Cultura? - Alan Watts


Por que será que não parecemos capazes de nos ajustar ao ambiente físico sem o destruir? Por que será que, de certa forma, isso como cultura, representa, de uma forma única, a lei dos retornos decrescentes? Que o nosso sucesso é um fracasso? Que estamos a construir - por outras palavras - uma enorme civilização tecnológica, que parece prometer o cumprimento de todos os desejos quase ao toque de um botão?

Voz: Alan Watts - O Que Há de Errado Com a Nossa Cultura? (Também conhecido como: Sexo O Castigo Prazeroso)
www.alanwatts.org

Música: Ash Ra Tempel - Reunion (Friendship)
http://www.ashra.com

O trote terrível - Vida e música - by Alan Watts


10 de maio de 2014

Você já desistiu, de fato, de representar um papel na sociedade


Libertando se das tóxicas crenças transgeracionais



"Um homem rico de laços terrestres — ou rico de conhecimento e de crenças — conhecerá somente as trevas e será um centro de desordem e de miséria. Somente o homem plenamente consciente está em estado de meditação. Logo que o eu deixe de existir, a eternidade pode assumir sua existência." — Krishnamurti
____________________

"O homem tem vivido na estupidez porque todas as religiões do mundo enfatizam somente uma coisa: a crença. E a crença é um veneno para a inteligência. O novo homem que eu visualizo, não terá nenhum sistema de crenças e não terá nenhuma fé. Ele será um buscador, um investigador, um questionador. Sua vida será uma vida de descobertas tremendas, descobertas no mundo exterior e descobertas no mundo interior... Se o novo homem não nascer, não haverá esperanças para a humanidade." — Osho

Você está, de fato, preparado para a morte?


Temos medo de morrer! Para acabar com o medo da morte nós temos que entrar em contato com ela, não com a imagem que o pensamento criou da morte, mas nós devemos realmente nos sentir neste estado. Caso contrário, não existe o fim deste medo, porque a palavra morte gera o medo, e nós nem sequer queremos falar sobre isso. Estando saudável, normal, com a capacidade raciocinar claramente, de pensar objetivamente, de observar, é possível entrarmos totalmente em contato com este fato? O organismo, pelo uso, pelas doenças, eventualmente morrerá. Se somos saudáveis, devemos compreender o que é a morte. Isso não é um desejo mórbido, porque talvez através da morte, compreenderemos a vida. A vida, como está agora, é uma tortura, um interminável tumulto, uma contradição, e, portanto existe conflito, miséria e confusão. O ir cotidianamente ao escritório, a repetição do prazer com suas dores, a ansiedade, o tatear, a incerteza – isso é o que nós chamamos de vida. Fomos acostumados a esse tipo de viver! Aceitamos, envelhecemos e morremos com nele. Para descobrir o que é viver, bem como para descobrir o que é morrer, é preciso entrar em contato com a morte, ou seja, é preciso terminarmos todos os dias com tudo que é conhecido. É preciso acabar com a imagem que se construiu sobre si mesmo, sobre a família, a cerca de uma relação, a imagem que foi construída através de um prazer, através de uma relação da sociedade, tudo. Isso é o que vai acontecer quando a morte chegar.
Autor: Krishnamurti - O Livro da Vida

Sobre o medo de não corresponder as expectativas alheias


Abrindo o pacote pessoal de condicionamentos



"Temos medo de morrer! Para acabar com o medo da morte nós temos que entrar em contato com ela, não com a imagem que o pensamento criou da morte, mas nós devemos realmente nos sentir neste estado. Caso contrário, não existe o fim deste medo, porque a palavra morte gera o medo, e nós nem sequer queremos falar sobre isso. Estando saudável, normal, com a capacidade raciocinar claramente, de pensar objetivamente, de observar, é possível entrarmos totalmente em contato com este fato? O organismo, pelo uso, pelas doenças, eventualmente morrerá. Se somos saudáveis, devemos compreender o que é a morte. Isso não é um desejo mórbido, porque talvez através da morte, compreenderemos a vida. A vida, como está agora, é uma tortura, um interminável tumulto, uma contradição, e, portanto existe conflito, miséria e confusão. O ir cotidianamente ao escritório, a repetição do prazer com suas dores, a ansiedade, o tatear, a incerteza -- isso é o que nós chamamos de vida. Fomos acostumados a esse tipo de viver! Aceitamos, envelhecemos e morremos com nele. Para descobrir o que é viver, bem como para descobrir o que é morrer, é preciso entrar em contato com a morte, ou seja, é preciso terminarmos todos os dias com tudo que é conhecido. É preciso acabar com a imagem que se construiu sobre si mesmo, sobre a família, a cerca de uma relação, a imagem que foi construída através de um prazer, através de uma relação da sociedade, tudo. Isso é o que vai acontecer quando a morte chegar."

Krishnamurti - O Livro da Vida

Egoconhecimento: benção ou maldição?



"Estamos empenhados em várias atividades, alternadamente - ganhar a vida, criar filhos; ou assumimos certas responsabilidades perante várias organizações; estamos tão cheios de compromissos, de diferentes espécies, que dificilmente encontramos tempo para a reflexão sobre nós mesmos, para observarmos e estudarmos. Assim com efeito, a responsabilidade da reação é nossa, e de mais ninguém. Andar pelo mundo em busca de gurus e de seus sistemas, ler os livros mais recentes sobre esta ou aquela matéria, etc., parece-me completamente vão, completamente fútil. Podemos percorrer toda a Terra, mas teremos de voltar a nós mesmos. E, visto que em geral nos desconhecemos totalmente, é dificílimo começarmos a ver com clareza o processo do nosso pensar, sentir e agir."

Krishnamurti - A Primeira e Última Liberdade - Cultrix

Descondicionando as faculdades da lógica e da razão


"O que diferencia o homem de um animal estúpido não é a racionalidade nem o volume de conhecimentos que detém, mas a nobreza de seus propósitos. A mídia e a parceira psicologia estão dispostas a vender a alma e a se render ao fascínio capitalista, à lógica do lucro a qualquer custo. A questão central não é, e nem nunca foi, se os meios utilizados são lícitos ou ilícitos, mas a maquiavélica suposição de que "os fins justificam os meios". A realidade se resume ao dinheiro, à sede de glória e poder, ao esvaziamento de sentido. O tempo e a contumácia geram o hábito, e o hábito produz a cegueira. A apregoada liberdade capitalista, não devidamente conduzida, levou ao esfacelamento da razão. E ainda há psicólogos escritores que são suficientemente insensatos para tecerem em seus livros comentários irônicos a respeito de conceitos universais da Filosofia, quando a Filosofia aparenta ser a única ciência que ainda não se rendeu ao fascínio capitalista."
— Afonso do Carmo — Guaxupé - MG.

"Hoje, o homem tornou-se tão materialista que ele teme qualquer experiência, exceto a dos sentidos. Ele acredita que somente aquilo que ele pode experimentar por meio dos sentidos é uma experiência verdadeira, e que aquilo que não é experimentado por meio dos sentidos é alguma coisa desequilibrada, alguma coisa que deve ser temida; isso significa penetrar em águas profundas, algo anormal, pelo menos um caminho inexplorado. Com muita freqüência o homem teme cair num transe, ou ter um sentimento que é incomum, e pensa que aqueles que vivenciaram tais coisas são fanáticos que perderam a razão. Mas não é assim. O pensamento pertence à mente, o sentimento, ao coração. Por que alguém deveria acreditar que o pensamento está certo e o sentimento, errado?"
— O CORAÇÃO DO SUFUISMO - Ed. Cultrix — Sufi Hasrat Inayat Khan

3 de maio de 2014

As situações da vida são como mestres do real


Se abrindo para a grande aventura da Vida


Abrindo um oásis no deserto do irreal


Sobre os conflitantes enredos da mente adquirida


Sobre a alegria de poder observar a mente adquirida


Observando o vasto repertório da mente adquirida


Sobre as facetas, as miragens e as simulações da mente adquirida


Se aventurando muito além das fronteiras do eu


Um olhar para o entrave do desejo


18 de abril de 2014

Os tratantes da realidade que somos e a idiotice humana

Quando removemos a inverdade dentro de nós, as raízes ocultas da verdade que há em nós começam a dar seus primeiros brotos, da mesma forma que uma semente em germinação expulsa seu talo verde para o ar a fim de que se torne real e visível... Enquanto você não passar em todos os exames, ninguém lhe dará um diploma demonstrando que você realizou um certo trabalho interior que o qualifica para esse grau. É exatamente o que ocorre com a "colação de grau" espiritual. Não podemos receber, e não receberemos, nada de graça. Mas, por infelicidade, o grosso da humanidade acredita nesse contra-senso. É por isso que, em nossa época, há tantos TRATANTES OCULTISTAS que procuram explorar a IDIOTICE dos homens, prometendo-lhes que irão fazer o trabalho por eles (naturalmente, em troca de recompensa financeira adequada) e "iniciá-los" sem qualquer esforço essencial de sua parte. Eis porque aparecem tantos livros e "ensinamentos" INÚTEIS no momento, que por vezes até obtêm um certo "sucesso" de vendas. Mas alguns poucos livros sérios e verdadeiros, que NÃO MASCARAM a verdade da NECESSIDADE DE UM TRABALHO ÁRDUO para se obter a realização, são menos favorecidos neste século. Mas os sábios romanos sabiam disso, e foram eles que disseram: "As pessoas gostam de ser enganadas". Tantas pessoas preferem palavras enganosas, porém lisonjeiras, ao discurso tranquilo e despretensioso da Verdade.

Mouni Sadhu

10 de abril de 2014

A dificuldade de pensar juntos - Mais além do tempo



K: Um de nossos problemas que falaremos esta manhã é a dificuldade de pensar juntos, não sobre algo, senão a capacidade de pensar juntos. Pergunto-me, o que impede as pessoas de fazerem isto? É por suas opiniões, suas conclusões, seus conceitos, seus ideais, seus enormes preconceitos profundamente arraigados?

DB: Creio que é porque as pessoas se aderem a estas coisas; possuem uma opinião com a qual se identificam, elas não o sabem, mas se aderem a isso.

K: É isso o que impede as pessoas de pensarem juntas, cooperarem juntas?

DB: Bem, isso é claramente um fator importante, pode-se ver politicamente, digamos que o Leste e o Oeste...

K: Oh, politicamente, por suposto.

DB: Bem, se queremos ter paz teríamos as duas partes dispostas e discutir sem opiniões fixas.

K: Por suposto, por suposto. Mas isso é impossível com os políticos.

W: Pois não, não estou de acordo que seja impossível.

K: Quero dizer, tal como é na atualidade.

W: Sim, mas quero dizer, como você disse, não há nada como que isso seja impossível.

K: Não, nada é impossível, mas se querem faze-lo o podem fazer.

W: Sim, e creio que se queremos que o façam, podemos fazer com que o façam.

K: Sim, isso é correto. Se nós os cidadãos, de pé, queremos que o façam, o farão. Bem, agora, como os cidadãos a pé vão ajudar para que queiram isto?

W: Bem, creio que eles têm que superar seu sentimento de impotência. E creio que em última instância eles também têm que reconhecer sua própria responsabilidade, não só os políticos que estão sendo desajeitados, os demais estão sendo demasiadamente desajeitados.

K: Apresenta-se de novo o ser responsável em tudo o que faz, em cada pessoa. E não sentem dessa maneira, não se sentem responsáveis. Eles se convertem em líderes, líderes políticos, líderes religiosos, ou outra classe de líder e dependem deles.

W: E os culpam.

K: Exato. Assim que a coisa está toda do avesso, todo este assunto.

DB: Bem, parecem que não podemos começar dessa maneira, isso porque não serve de nada culpar as pessoas pelo que são. Porém, as pessoas não estão dispostas...

K: Portanto, você tem que começar por si mesmo.

DB: Porém, é possível que algumas pessoas o pudessem começar de todos os modos, independente do que fazem os demais.

K: Deixe os demais...

DB: Bem, não pode afetar aos demais no momento, mas uma vez sugerido, mais adiante, algumas pessoas possam fazê-lo, então, eventualmente, outros podem adentrar.

K: Sim, correto.

DB: O que não quer dizer que estão descuidando dos outros, mas...

K: ... Mantém a porta aberta.

DB: Sim, não é a ordem correta para começar com os demais.

K: Não, estou de acordo. Você tem que começar por si mesmo.

DB: Ou com quem seja.

W: Mas se você diz que somos nós mesmos em nossas relações, que o que eu sou em minha relação com outras pessoas e, portanto, há que se olhar, observar estas relações, nesse sentido se está começando com os demais. Você começa...

K: Com os demais e consigo mesmo, inter-relação constante.

W: Quando você diz que existem estes bloqueios e que as pessoas não podem...

K: Saltá-los...

W:... Entre uma pessoa e a outra, este não é sempre o caso. Não é relevante que às vezes entre duas pessoas que possuem uma estreita relação e uma relação de amor, há uma grande quantidade de estar na mesma longitude de onda, um tipo de relação empática imediata em que uma mente não está realmente separada da outra mente. Mas não é isto possivelmente relevante para este assunto da mudança de si mesmo, a transformação de nossa própria mente, que é através deste processo de inter-relação.

K: Inter-relação, correto... Senhor, seria suficiente se a metade de uma dezena de nós realmente entende-se este assunto? Como podemos afetar o mundo? Creio que podemos. Hitler afetou o mundo.

DB: Hitler era um só, claro. O fez tudo por si mesmo.

K: Claro. Um homem louco, que infectou a todo mundo.

DB: Bem, houve um programa recentemente na BBC sobre Thomas Paine, e demonstrou que na realidade tinha um efeito significativo no mundo inteiro. Tinha uma tremenda energia e paixão. Foi muito claro nesse programa que afetou a totalidade da história.

K: Sim, senhor. Então, surge uma pergunta: Por que é que não somos apaixonados? Por que é que somos tão mornos? Creio que estamos muito luxuriosos por poder, por isto, ou por aquilo, porém, parece que temos perdido, ou nunca tivemos essa paixão por fazer o correto, fazer o que é bom.

DB: Eu só ia dizer que creio que parte da razão desta falta de paixão, é só o fato de não compreender este ponto. Muita gente pode sentir que é muito importante fazer algo, mas dizem que a sociedade é tão grande...

K: Tão grande que está asfixiada.

DB: Assim que a questão, é que existe uma falta de clareza neste ponto, o que podemos fazer realmente, que fique realmente claro que é possível fazer algo.

K: Sim, senhor. Creio que é realmente possível.

DB: tem que ser tão evidente que você não renuncie quando haja problemas, quando se torne difícil.

W: Creio que a sociedade nos condiciona para que nos sintamos impotentes. Isso é parte da dificuldade.

K: Mas, por que estamos preocupados com a sociedade? Por que nos asfixiam, por que isso deveria reduzir ou destruir nossa paixão? E o que é a paixão? Como se tem isso — não como, não é um método, mas, quando se produz? Isso está melhor. Quando tem as rédeas soltas esta paixão?

W: Bem, nós sabemos quando há rédeas soltas, e é então quando todas estas forças primitivas se detêm. E suponho que o fundamental é que se os indivíduos na sociedade estão sendo dominados por suas imagens de si mesmos e então querem perpetuar o estado das coisas em que isto parece ser assim. E, portanto, exercerá uma influência condicionante através da sociedade para manter a todos neste estado de desamparo e engano.

K: A paixão pela responsabilidade, digamos isto, por exemplo, se você tem uma tremenda paixão, vem com o fim da dor? A paixão está relacionada com o fim do sofrimento? A palavra paixão, etimologicamente, está relacionada com o sofrimento?

W: Bem, isso é só uma pergunta, em certo sentido, da erudição, o qual eu não estou tanto, porém, você lhe dá um significado mais profundamente presumivelmente.

K: É claro... Veja, recém-chegado da Índia, havia ao redor de sete mil pessoas em Bombaim, uma seção transversal de toda a sociedade — os muito ricos, a classe media e alguns muito pobres. Falei com eles em inglês, claro, e se vê que realmente não entendem esta extraordinária complexidade da vida, a única coisa que querem são soluções para os problemas, aos problemas pessoais, problemas econômicos, problemas espirituais, querem soluções. E na busca de soluções não resolvem os problemas.

DB: Não, mas creio que é justamente o ponto, as pessoas em primeiro lugar, geralmente, não entendem isso, que as soluções não são pertinentes, e que, obviamente, ajuda a dissipar sua energia.

K: Sim, sim. Assim que o enfoque do problema é importante.

DB: Sim.

K: E o enfoque não é a solução do problema, senão como se observa o problema. O problema é diferente de você? Mas bem, você é o problema, o problema não está aí fora.

DB: Mas para comunicar isso é difícil porque você vê a uma pessoa que está desempregada, sente que seu problema está aí fora, se só tivesse um trabalho iria estar bem.

K: Sim.

DB: Bem, agora, você está dizendo algo muito mais profundo: em que sentido podemos dizer que o problema é você? Suponhamos que alguém comece, você quer falar com alguém, e ele está desempregado.  

K: Sim, senhor, escutava outro dia a dois desempregados, que estavam sendo entrevistados — estavam amargurados, enojados, furiosos, desde há três anos não tinham um emprego, e estavam furiosos com os líderes, os líderes conservadores, dirigentes sindicais, etc. Eles não se preocupam com nada mais do que o emprego, conseguir dinheiro, comida, refúgio, isso é a única coisa que os preocupa. Creio que o vasto mundo está preocupado com isso e nada mais.

DB: Bem, agora, suponhamos que você quer falar com este homem, como vai fazer para que se preocupe por algo mais?

K: “Não”, ele diz, “Primeiro o pão, pelo amor de Deus primeiro o pão. Mantenha todas suas coisas espirituais para mais adiante quando você tenha me dado pão”. Tenho falado com muita gente na Índia e outros lugares, é o mesmo problema, se o pão é o primeiro o outro é o primeiro. Se é o pão, então não existe uma solução, e estão amarrados nisso, todos eles estão amarrados nisso, o primeiro é o pão. E se tem sorte, o outro o pode ter. Mas a grande maioria das pessoas está preocupada com a urgência; como você vai demonstrar algo? Não pode. Portanto, só está reservado para os “benfeitores” que possuem tempo livre, os que têm certas oportunidades para estar sós, para olhar a si mesmos, falar disso? Isso parece terrivelmente injusto. Mas é um fato. Assim, pois, os da classe “sem ocupação”, ou as pessoas que têm tempo livre, vão entender sua relação? Ou vão utilizar esse tempo livre para se divertir, para se entreter?

DB: bem, acho que, isso não faz nenhuma diferença.

K: Nenhuma diferença, isso é o estou dizendo. Creio que a “desocupação” é uma coisa maravilhosa. Penso que se aprende muitíssimo mais quando se tem tempo livre.

DB: Talvez, voltando a questão do salário, como você vê, as pessoas que sofrem estão desempregadas, estão enfermas, maus governos, etc, bem, agora, você tem dito que a paixão está conectada com a dor, pelo qual poderia ser um enfoque.

K: Mas veja, seria incluso para as pessoas com tempo livre, para as pessoas muito bem educadas, que realmente estão frente aos problemas da vida e os problemas do mundo. Terão suficiente tempo livre para dar seu tempo, sua energia, e dizer, olhe, vamos compreender a relação de cada um e entrar no todo. Parece tão extraordinariamente difícil para a maioria das pessoas.

DB: Bem, sim o entendo. É por isso que estamos discutindo se algumas pessoas poderiam começar isto...

K: Sim, claro!

DB:... e que poderia afetar aos demais. Há pessoas que possuem tempo livre e que estão interessados, mas creio que não acabam vendo a verdadeira possibilidade disto. Há pessoas que poderiam estar prontas para fazer isto, mas não vem que tudo seja possível.

K: Sim, senhor, o sei.

DB: Agora, se puderem ver algo que na realidade é possível, mais deles poderiam vir.

K: Então, como ajudar — digamos, por exemplo, que me ajuda a ver que há uma possibilidade, há uma porta aberta para mim, para escapar de todo este horror — não escapar, o sinto — para compreender todo este assunto, como pode me ajudar? Falaram para mim, assinalando todas as misérias, toda a confusão, mediante as análises, mediante a busca de uma causa? Temos feito tudo isso.

DB: Isso não é suficiente. Agora se nos dizem que as pessoas com uma grande energia, como Hitler, o Thomas Paine, ou várias outras pessoas, tem tido seu efeito na história, algumas boas e outras más. E a pergunta é, se é possível que um grupo de nós...

K: Se é possível para...?

DB: Para um grupo de nós.

K: Oh, sim, claro, essa é a única maneira!

DB: Aprofundar realmente em todo este...

K: Desastre! Claro que é possível. É isso que estamos tratando de fazer. Em Brockwood, ou em outros lugares, é reunir a um grupo de pessoas que pensam igual — não igual —, que pensam, que têm uma boa compreensão da relação e entrar em tudo isto. Mas parece tão incrivelmente longo.
Senhor, poderia dizer, para ir a outro tema, você diria que somos os donos do tempo? Que fazemos nosso próprio tempo? Aparte do tempo físico, o tempo interno, a esperança interior, o interior de ser cada vez melhor, a ideia de converter-se em algo, tudo isso implica tempo. Se pudéssemos encurtar o tempo, ou seja, sou violento, e creio que posso superar essa violência mediante o tempo. E assim, inventámos o tempo. Enquanto que, se na realidade no tenho tempo, “o que é” se torna extraordinariamente importante e se pode transformar. Mas se permito o tempo, estou perdido. Não sei se estou comunicando algo.

W: Bem, o seguimento seguinte é relevante aqui, de que se você pega a alguém que tenha vivido toda a sua vida e não tenha podido desenvolver-se de todos os modos, e tem poucos dias de vida, e estes estão enquanto tanto morrendo, — eu quero dizer que se tenha visto a um anúncio recentemente que se estava morrendo, e, pela primeira vez em sua vida parecia ter um papel enquanto se estava morrendo, e nada podia aproveitar estar longe dele. Bem, agora, algumas pessoas diriam que isto é muito triste, porém, é só por um dia ou dois, mas seguramente o tempo não importa em absoluto.

K: Não.

W: É isto parte das coisas que você quer dizer que sempre estamos medindo as coisas, e dizer, é importante porque isto será maior que aquilo com o tempo, mas na realidade é a qualidade.

K: Pode a mente parar de medir? O qual significa que sou o passado, o presente e o futuro. Eu sou isso. E meu tempo é o amanhã — espero ser feliz amanhã. Assim que estou inventando meu próprio tempo. Assim que sou o dono de meu tempo. E se entendi isto profundamente, então gostaria de tratar com “o que é” e terminar com ele de imediato. Não sei se estou comunicando algo.

W: Sim, significa que você se daria conta do “que é” em vez de desejar ser dominado pelos pensamentos acerca do que foi, ou o que poderia ser no futuro.

K: Dou toda a minha energia a isso.

W: Sim, a “o que é”... (longa pausa)... Mas então, quer dizer que o sofrimento é uma questão da memória e do passado?

K: Sim, isso é correto.

W: E estas recordações do passado lhe impedem de experimentar diretamente “o que é”?

K: Sim. E também se reconheço que sou o passado, o presente e o futuro, eu sou tudo isso, e ocorra o que ocorrer tenho que lidar com o que ocorre de imediato, não adia-lo, nem encontrar alguma desculpa e tudo mais. Penso que é melhor que paremos. Não? Continuemos?

W: Sim, só acabamos de começar, certo!

K: Ah, só começamos! ”... (longa pausa)... E também estávamos falando em Ojai, com o Dr. Bohm, o homem, os seres humanos teriam tomado o curso equivocado?  

W: Ele sempre tem tomado o curso equivocado!

K: E, portanto não há saída? Isso é “desesperante”, pensar nesses termos é impossível.

DB: Bem, é o mesmo que dizíamos esta manhã sobre o conhecimento. É dizer, o conhecimento é tempo.

K: O conhecimento é tempo.

DB: Porque é o passado que chega até o presente fazendo o futuro. É o mesmo, não ter tempo e conhecimento, para colocar fim na atividade do conhecimento. O conhecimento não é um conhecimento meramente abstrato, senão que é muito ativo, porque faz o tempo.

K: O pensamento é tempo. Pode o pensamento deter-se?... (longa pausa)... Devido ao pensamento ter criado toda esta bagunça, o pensamento tem inventado as guerras, tudo é inventado pelo pensamento.

DB: Claro, também o pensamento inventou todo tipo de coisas boas.

K: Claro, claro!  

DB: Queremos dizer que o pensamento chega a seu fim, o qual não quer dizer que as características úteis do pensamento se detenham.

K: Não, não, não! O pensamento tem seu lugar.

DB: Mas o pensamento dominante chega a seu fim, sim?

K: Não, quero dizer que o pensamento como tempo chega a seu fim.

DB: De que tipo de pensamentos acaba sem tempo?

K: Vacuidade.

DB: Isso também é pensamento?

K: Não.

DB: Mas eu queria dizer suponhamos, que você tem que pensar ao fazer algo.

K: Aí você tem que pensar.

DB: Mas, então o tempo entra quando você tem que pensar.

K: Sim, claro. Tenho um trabalho como cirurgião, ou o que quer que seja, e tenho que pensar. Isso é correto e necessário pensar aí. Mas estou questionando todo este tema de que o pensamento domine minha vida.

DB: Sim, pensado sobre si mesmo.

K: O pensar em si mesmo, pensar no futuro, pensar no passado, pensar em minha família, — pensando, pensando, pensando. O pensamento é limitado, minhas ações são limitadas, e, portanto, mais catástrofe e mais miséria. Assim que pergunto a mim mesmo, se o pensamento pode chegar a seu fim psicologicamente, internamente, mas externamente tenho que pensar, assim que podemos deixar isso de lado. Então,  o pensamento pode chegar completamente a seu fim? O pensamento é conhecimento, o pensamento é tempo, o pensamento é limitado, divisor, e o pensamento tem criado as guerras, e as igrejas, e as coisas dentro das igrejas e templos e todo o resto da mesma. Você vê que o pensamento é muito,  muito limitado e destrutivo.

DB: Esse tipo de pensamento.

K: temos dito isso. Então, pode o pensamento chegar a seu fim internamente? Isso significa: pode o conteúdo da consciência, que é o resultado do pensamento, pode o conteúdo ser apagado? O medo, a ansiedade, a angústia, todas as crenças, tudo isso é minha consciência. E isso é tempo. E estou pedindo: pode o tempo, pensamento, chegar a seu fim? Mas o pensamento como conhecimento na ocupação, nas profissões, na habilidade, é necessário. Não temos que voltar a isso, repeti-lo uma e outra vez.

W: Mas poderia incorporar esta questão que surge no tema da relação, entre duas pessoas? Então de ser assim: se o pensamento chega a seu fim há algum tipo de apreensão direta entre as pessoas, mas o pensamento ter chegado a seu fim no sentido de que não está dominado pela ideia do que esta pessoa fez antes, ou o que poderia fazer no futuro, senão uma apreensão direta de “o que é” nesse instante?

K: Agora, senhor, espere um momento. Minha mente — nossa mente, não vou dizer minha mente — a mente de você está falando, falando sem parar, lendo, todo o tempo tremendamente ativa a respeito de coisas triviais e grandes coisas. Estou perguntando se o pensamento tem seu lugar, por que deveria estar pensando no que seja? Entende minha pergunta? Por que deveria estar pensando sobre meu futuro, meu passado, ou sobre mim mesmo, por quê? Por que esta acumulação de conhecimento psicológica? Essa é realmente minha pergunta. O conhecimento físico, o conhecimento para atuar com destreza em algum campo, ali é necessário. Mas, é necessário o conhecimento interno?

W: Bem, me parece que o pensamento é parte de uma relação criativa, mas é só um componente em todo o assunto.

K: Sim, mas, o pensamento é amor?

W: Não, não é.

K: Portanto...

W: Mas me pergunto um pouco se o pensamento não entra algo no amor? Refiro-me a que está unido até certo ponto.

K: Não. Pergunto-me se o amor é pensamento.    

W: Não, certamente, não.

K: Portanto, é possível amar a outro sem o pensamento? Amar a alguém significa que não há pensamento. E se produz uma relação totalmente diferente, uma ação diferente.

W: Creio que pode haver uma grande quantidade de pensamento numa relação amorosa, mas o pensamento não é o primordial.

K: Não, quando há amor o pensamento pode ser usado, mas não o contrário.

W: Não ao inverso, sim. Um tem uma primazia sobre o outro. Considerando que o problema, o problema básico é que tende a ser ao contrário, somos como os computadores que estão sendo dirigidos por nossos programas... (longa pausa)... Creio que o que eu estava tratando de fazer a um minuto era que se você disse que somos nossas relações, eu estava tratando de incorporar o que disse sobre: pode o pensamento chegar a seu fim, na relação, e pensar que tipo de relação existe sem pensamento? Creio que era isso o que eu estava tratando de clarear.

K: Só há que ver o que ocorre sem pensamento. Tenho uma relação com meu irmão, ou minha esposa, e essa relação não se baseia no pensamento senão no fundo, profundamente no amor. E nesse amor, nesse sentimento, esse sentimento estranho, por que deveria pensar em absoluto?... (longa pausa)... O amor é compreensivo? E quando o pensamento entra nele é divisor, destrói a qualidade, sua beleza.

W: Mas é o amor compreensivo, não é onipresente e não compreensivo? Porque sustento que o amor não pode expressar-se adequadamente sem pensamento.

K: Compreensivo no sentido de integro. Quer dizer, o amor não é o oposto ao ódio.

W: Não.

K: Assim que em si mesmo não tem nenhum sentimento de dualidade.

W: Suponho que o amor é muito mais uma qualidade da relação, e uma qualidade do ser, que impregna.

K: Sim. Quando o pensamento entra nisso então me recordo de todas as coisas que ela disse, ou que ele fez, os problemas, as ansiedades, tudo isso se lança... (longa pausa)... Essa é uma de nossas grandes dificuldades, realmente não temos compreendido o sentido deste amor que não é possessivo, apego, ciúmes, ódio e tudo isso.

W: Não é ao amor uma espécie de grande conscientização de unidade?

K: O amor não tem consciência, é amor. Não é que seja consciente do amor e de que todos somos um. É como um perfume, é um perfume, não se pode direcionar o perfume, o analisar o perfume, é um perfume maravilhoso. E no momento em que o analisa o dissipará.  

W: Sim, mas creio que — de acordo com o que você disse que é um perfume, então é algo assim como uma qualidade, porém esta qualidade está associada com este sentido de unidade, não é certo, que este é um tipo de aspecto?

K: Mas você está lhe dando um significado.

W: Falo a respeito! Não estou tratando de precisar. Mas quero dizer, pode haver amor sem nenhuma consciência desta unidade?

K: É muito mais que isso.

W: Está bem, é mais que isso. Porém, pode existir ao menos esse sentimento de unidade que está aí?

K: Espere, espere um momento. Eu sou católico. E amo, sou compassivo. Pode haver compaixão, amor, quando existe esta profunda convicção arraigada, ideia, prejuízo? O amor deve existir com a liberdade — não a liberdade de fazer o que gosto, isso é uma idiotice. A liberdade de escolha e tudo isso não tem nenhum valor no que estamos falando, mas tem que haver uma total liberdade para amar.

W: Sim, bem, o que ia dizer é o que poderia dizer é um disparate, a Igreja Católica poderia ter um bom monte de amor, porém, tem limites em certas situações.

K: É claro, sim, é claro!

W: Mas é como seu ponto, se pode ter um ovo que é em parte ruim! Mas este sentimento de unidade é parte de todo o assunto, não?

K: Se temos amor há unidade.

W: Sim, está bem. Inevitavelmente. Isso me satisfaz. Estou de acordo com você em que tendo um sentimento de unidade não se acende o amor.

K: Não, não... Veja todas as religiões e as pessoas que são altamente religiosas, sempre tem convertido o amor e a devoção para um objeto em particular, ou uma ideia em particular, um símbolo. O amor não tem nenhum obstáculo. Esse é o ponto, senhor. Pode existir o amor quando o eu está? Claro que não!

W: Mas se você diz que o eu é uma imagem fixa, então o amor não pode existir com qualquer imagem fixa, com algo fixo, porque não tem limites.

K: Isso é correto, senhor.

W: Mas eu acho que em relação ao diálogo e um movimento entre duas mentes sem sentido de limite...

K: Ah!

W: e necessariamente fora do tempo, porque o tempo seria colocar um limite, então algo novo pode surgir.

K: Mas, podem duas mentes alguma vez se encontrarem? É como duas linhas de trem paralelas que nunca se encontram. É nossa relação com os demais, como ser humano, esposa e esposo, etc., é sempre paralelo, cada um perseguindo sua própria linha, e nunca se encontrando realmente, no sentido de verdadeiro amor pelo outro — o amor, incluso sem objeto.

W: Sim, bem, na prática, claro, sempre há certo grau de preparação porque...

K: Sim, isso é tudo o que estou dizendo.

W: Quero dizer que se a relação pode estar num nível diferente, então não há mais linhas separadas no espaço.

K: Claro, claro! Mas para chegar a esse nível parece quase impossível. Estou apegado a minha esposa. Eu digo que a amo. E ela se apega a mim. E isso é amor? Eu possuo-a, ela me possui, e gosto de ser possuído, etc, e todas as complicações da relação. E eu digo a ela, ou ela me diz: “Te amo”. E isso parece nos satisfazer. E me pergunto se isso é amor em absoluto.

W: Bem, faz com que a pessoa sinta consolo durante um tempo.

K: E conforto é amor? ... (longa pausa)...

W: Refiro-me a que é limitado e quando um dos cônjuges morre, o outro é miserável.

K: A solidão, as lágrimas, o sofrimento. Na realidade, deveríamos falar disto. Eu conheci um homem que para ele, o dinheiro era Deus. E tinha um montão de dinheiro. E quando estava morrendo queria olhar todas as coisas que possuía. E as possessões era ele. Morria das possessões externas, nas as possessões externas era ele mesmo. Não sei se estou... e ele não estava temeroso deste estado de chegar a seu fim, mas sim de perder isso. Não sei se estou transmitindo isto. Perder aquilo, não perder ele mesmo e encontrar algo novo. A morte não... — não devemos começar com a morte neste momento. Já chegaremos.

W: Bem, eu poderia fazer-lhe uma pergunta a respeito da morte? Que se passa com um homem que está morrendo e quer ver a todos as pessoas que tenha conhecido, a todos os seus amigos antes que morra, é isso um apego a estas relações?

K: Sim, isso é apego. Ele vai morrer e a morte é bastante solitária, é o clube mais exclusivo, a ação mais exclusiva. E nesse estado quero reunir-me — minha esposa, filhos, netos, porque sei que vou perdê-los todos e vou morrer, terminar. É uma coisa terrível. Outro dia vi a um homem que estava morrendo. E, senhor, nunca havia visto tanto medo em minha vida, na realidade, absolutamente temeroso de qualquer coisa que lhe termine. E eu disse: —o conhecia — lhe disse, “De que você tem medo?” Ele disse: “Tenho medo da separação de minha família, do dinheiro que tenho tido, das coisas que tenho feito. E isto, disse, “é minha família, os quero muito”. E tenho medo de perde-los.

W: Mas suponho que o homem pode querer ver a todos seus amigos e sua família para dizer...

K: Adeus muchachos. Esse é um assunto diferente. Nos reuniremos no outro lado!

W: É possível.

K: Eu conhecia a outro homem, senhor, é muito interessante, disse a sua família, o próximo ano, em janeiro, vou morrer em tal e tal data. E nessa data convidou a todos os seus amigos e sua família, disse: “Estou morrendo hoje”, e fez o testamento: “Por favor, deixam-me”. Todos eles foram saindo da residência, e ele morreu!

W: Sim, bem, se as relações com todas estas outras pessoas eram para ele e ia morrer, e ele gostaria de vê-los pela última vez, e agora se havia terminado — “estou morrendo, me morro”. Isso não é um apego.

K: Não, claro que não. E as consequências do apego é doloroso, ansioso, há certa sensação de angústia, de perder.

W: Insegurança constante, medo.

K: A insegurança e tudo o mais que se segue. E a isso eu chamo amor. Eu amor a minha esposa. E sei profundamente no interior, de todo o tormento deste apego, porém não posso soltá-lo.

W: Mas você toda via se sente com pena de que sua esposa esteja triste quando morra.

K: Oh, sim, isso é parte do jogo, parte de todo o assunto. E pronto se coloca em cima dele e se casa com outra pessoa, e continua o jogo.

W: Sim. Você poderia estar preocupado e temeroso da dor de outras pessoas.

K: Sim, senhor.

W: É de se supor que a aceitação da própria morte poderia reduzir sua dor.

K: Não. Está o sofrimento preso ao medo? Eu tenho medo da morte, tenho medo de acabar com minha carreira, com todas as coisas que tenho acumulado tanto física como internamente, tudo isso chega a seu fim. E o medo inventa então a reencarnação e todo o assunto. Então, pode realmente ser livre do medo da morte? O que significa, posso viver com a morte? Não interpretem mal isto. Eu não estou cometendo suicídio, senão, vivendo com ela, encantado com o final das coisas — o final de meu apego. Minha esposa toleraria se eu dissesse: “Terminou meu apego por você”?... Haveria angústia. Assim que estou questionando este conteúdo da consciência colocado ali pelo pensamento, e o pensamento predomina nossa vida, e digo a mim mesmo, o pensamento tem seu lugar, e só em seu lugar e não em outro. Por que deveria haver pensamento em minha relação com meu amigo, ou com minha esposa, ou alguma menina, por que deveria pensar nisso? Quando alguém diz: “Estou pensando em você”, soa um tanto tonto.

W: Bem, frequentemente tem que pensar nos demais, por razões práticas, claro.

K: Isso é outra coisa. Mas, estou dizendo, onde o amor está, por que existe o pensamento? O pensamento na relação é destrutivo. Há apego, possessão, se aferram um com o outro por consolo, por salvação, segurança, e tudo isso não é amor.

W: Não, mas como você disse o amor pode fazer uso do pensamento, e é ao que você chama atenção na relação.

K: Isso é outra coisa, sim, sim. Olhe: eu estou preso a você, estou apegado a minha esposa, ou meu marido, ou o que seja, ou a um móvel. Eu amo a minha esposa nesse apego, e as consequências disso são incalculavelmente danosas. E posso amar minha esposa, sem apego? O maravilhoso que é, amar a alguém sem querer nada de você.

W: Essa é uma grande liberdade.

K: Sim, senhor, assim que o amor é liberdade.

W: Mas, o que lhe parece se dizemos que se há amor entre esposo e esposa, logo, se um morre, parece estar dando a entender que o outro não teria dor. Creio que talvez é correto.

K: Creio que sim. Assim é, senhor.

W: Poderia transcender a dor.

K: A dor é pensamento. A dor é uma emoção, a dor é um choque, a dor é um sentimento de perda; o sentimento de perder a alguém e de repente encontrar-se a si mesmo completamente desolado e solitário.

W: Sim. Você se refere a um estado de solidão que é contrário a natureza, por assim dizê-lo?

K: Então, se eu pudesse entender a natureza de finalizar, terminar com algo todo o tempo — terminar minha ambição, colocando fim ao que seja, terminar com a dor, acabar com o medo, colocar fim à complexidade do desejo e termina-lo, o qual é a morte.
W: Sim, mas creio que os cristãos costumavam falar a respeito de que é necessário morrer todos os dias.

K: Isso é correto.

W: A mesma ideia.

K: necessário morrer cada dia para tudo que psicologicamente tenha reunido.

W: E todo o mundo está de acordo em que a morte é liberdade.

K: isso é verdadeira liberdade.

W: Não há dificuldade em apreciar isto. Quer dizer que você quer transpor essa liberdade suprema em toda a vida?

K: Sim, senhor. Senão somos escravos. Escravos da escolha, escravos de tudo.

W: Não donos do tempo senão escravos do tempo.

K: Escravos do tempo, sim.

W: Tenho estado interessado neste tema em particular da morte, já que meu pai estava morrendo e o observamos.

K: Pobre homem.

W: Creio que é um homem afortunado. Tem sido toda uma educação.
K: Uma vez me convidaram para uma casa onde o pai estava morrendo, e a família me pediu para que fosse vê-lo. Senhor, era incrível. Aferrou-se a vida como se... Aferrou-se a vida, com tanta ansiedade, com tanto temor; e ele estava morrendo; morreu no dia seguinte, aferrando-se a tudo que tinha.

W: E suponho que sua morte era uma espécie de... Resume de toda sua vida.

K: Toda sua vida, sim.

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