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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

26 de maio de 2012

Kumaré: Um filme verdadeiro sobre um falso profeta

Vikram Gandhi no papel de homem santo

O cineasta americano Vikram Gandhi fez um documentário que serve de ponto de partida para reflexões sobre a religião e a necessidade que a maioria das pessoas tem de acreditar em algo extraordinário, que esteja além dos limites da condição humana.

Ghandhi se passou por sábio indiano que realizava o ritual da “luz azul” – inventado por ele. O projeto inicial do documentário era mostrar o negócio em que se transformou a yoga, banalizando-se por intermédio de gurus que surgem a todo instante.

Quando começaram as gravações, Ghandhi teve a ideia de fazer o papel de um homem santo e se tornou em uma espécie de Borat, o personagem criado pelo humorista britânico Sacha Baron Conhen que viajou pela Inglaterra e Estados Unidos como se fosse o segundo melhor jornalista do Cazaquistão.

Para se transformar no sábio indiano Kumaré, Gandhi se preparou durante três anos. Teve encontros na Índia com gurus, assimilou o sotaque de seu avô indiano, estudou yoga, deixou os cabelos e a barba crescerem e se mudou para uma região do Arizona, onde não tardou em ter seguidores.

O documentário Kumaré acaba de ser lançado nos Estados Unidos. De acordo com a crítica, a crença das pessoas no falso guru dá o tom da comédia. Um dos críticos observou que Kumaré é um filme fascinante porque às vezes é muito engraçado e outras, muito preocupante.

Diferentemente de Borat, que interagiu com racistas, antissemitas e homofóbicos, o guru Kumaré se relacionou com pessoas aflitas cuja esperança, muitas vezes, residia tão somente em sua própria credulidade.

Por isso, Gandhi (foto) durante as filmagens, teve conflitos morais, principalmente quando a sua “religião” começou a atrair um número crescente de seguidores. É o que explica ele ter poupado no documentário pessoas como um viciado de crack que tentava se recuperar e uma jovem que lutava para salvar o seu casamento. A comédia, assim, em determinados momentos se torna pungente e melancólica.

Durante suas pregações, Kumaré dizia aos seus seguidores que era portador de uma verdade que afetava todos ali e que um dia ela seria revelada. Os seguidores, obviamente, acreditavam ser algo ligado ao transcendente. Um dia Kumaré contou a tal verdade: ele era uma farsa, um ator interpretando um guru para uma filmagem.

Em março, o documentário ganhou o prêmio do público do SXSW Film Festival 2011 e tem estado na pauta de publicações como o jornal Time.

Gandhi admitiu que o documentário o abalou, mas conseguiu provar o que suspeitava: nenhum líder espiritual é mais santo do que qualquer pessoa comum.




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